19.3.07

A Paz e o Efeito Borboleta

Como Hegel e Marx o disseram e antes, e mesmo antes deles, o pré-socrático Heráclito: tudo no mundo é dialético.
A guerra da vergonha promovida por Bush contra o Iraque só fez triunfar o movimento pela paz através do mundo, e esse é o efeito dialético a que se vincula a guerra.

Os operadores da paz não são apenas os grupos pacifistas, mas a própria sociedade civil mundial, que se convenceu, enfim, de que a guerra não é solução para problema algum. Pelo contrário, ela mesma é um problema para a humanidade, que se não controlada, pode vir a acabar com a própria humanidade. E desta vez, não se é mais permitido vacilar.

Nos dias que antecederam a guerra e mesmo após, continuaram os movimentos a favor da paz. No meio da selva amazônica, surgiram índios, seringueiros e ribeirinhos que levantavam cartazes e gritavam a favor da paz. Desde então levantou-se a seguinte questão: "Que significa esse gesto, realizado no mais ignoto dos lugares, para a paz mundial?" Já que o século XXI seria o século da "guerra inteligente" dos Estados Unidos em busca da "paz americana".

A pergunta seria respondida mais ou menos nos termos que se seguem abaixo.

Há uma convicção do senso comum de que a luz, por mais fraca que seja, vale mais do que todas as trevas juntas. Pois basta apenas um palito de fósforo aceso para se exorcizar toda a escuridão de uma sala escura. Ainda há outro senso comum de que o bem possui uma força singular, assim como a força do amor. Nada resiste ao bem. Ele sempre acaba triunfando.

Vale imaginar o efeito das gotas da chuva sobre um incêndio em uma mata. Uma gota só não surte o efeito necessário, muito menos os esguichos de água dos beija-flores, que solidários, também querem dar sua contribuição. Porém são milhares as gotas, milhares os beija-flores que em poucas horas apagam o mais insistente dos incêndios. É a força invencível do pequeno.

Essas reflexões têm base na moderna teoria do caos, que alude ao efeito borboleta: um farfalhar de asas de borboleta do meu jardim pode produzir uma tempestade sobre o Pentágono. Quer dizer, tudo é interdependente.

Um desconhecido aponta na rua: "Olha lá, olha lá!".
Num instante, multidões olham para o alto, pode ser qualquer coisa, como um objeto não identificado qualquer. Deu-se o efeito borboleta: o pequeno produziu o grande.

Nesse contexto, quem poderá negar que a partir desse movimento nessa ignota aldeia no Amazonas, a paz não poderá ser deslanchada por todo o mundo? Do pequeno, poderá vir a força secreta da paz.

Nenhum comentário: