19.3.07

E se a aventura humana falhar?


Este é o tema a que o escritor Théodore Monod - considerado o último grande naturalista do nosso tempo - dedica todo um livro.

E se o ser humano desaparecer? Poderia ele mesmo ser vítima de sua capacidade destrutiva e sua falta de sabedoria? Grandes nomes da ciência não excluem essa possibilidade.
Se olharmos, por exemplo, o furor belicista e falta de preocupação com relação à biosfera de George W. Bush, esse cenário de horror não é impensável. As potências militares dos EUA criaram 25 formas diferentes de se liquidar todos os seres vivos superiores e danificar por milhares de anos, o resto da biosfera.

O homem até hoje tem se preocupado apenas com sua sobrevivência a curto prazo, esgotando assim boa parte dos recursos naturais disponíveis.
A ética da conservação, se assim pode ser chamada, quase sempre chega tímida e não se faz suficiente ante ao consumismo depredador do homem. Este quase sempre mostra uma conduta insensata e demente. Agora o homem pode temer a tudo, tudo mesmo, inclusive a si mesmo.

Mas voltemos à proposição inicial: E se o homem desaparecer? E se ele falhar?
Théodore Monod afirma que emergiriam seres mais complexos e tem até candidatos, já presentes na evolução atual: os cefalópodes, como por exemplo, polvos e lulas. Estes têm um aperfeiçoamento anatômico notável, sua cabeça é dotada de cápsula cartiginosa, funcionando como crânio, e possuem olhos como os vertebrados. Detêm ainda um psiquismo altamente desenvolvido, alguns deles com dupla memória, enquanto nós, humanos, temos apenas uma. Evidentemente não sairão do mar amanhã e entrarão continente adentro. Precisariam de milhões de anos de evolução. Mas já possuem ótima base biológica para um salto rumo à consciência.

Stephen Hawking, em seu recente livro "O universo na casca de uma noz", admite que o atual crescimento exponencial não pode durar muito tempo. Os pessimistas acreditam que uma civilização, que atinge nosso estágio de desenvolvimento, logo torna-se instável e destrói a si mesma. Mas Hawking se encontra entre os otimistas, que acreditam numa saída possível.

Após pelo menos uns três milhões de anos de evolução, a humanidade parece ainda não estar preparada, e encontra-se agora ante um grande dilema: escolher entre o ser humano e seu futuro ou os polvos e as lulas.

Incentivam-nos as Escrituras judaico-cristãs: "Escolhe a vida e viverás". Mas andemos depressa, pois não temos muito tempo.

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