19.3.07

Aldo Rebelo e seus delírios comunista-gramaticais


Nada mais se ouviu daquele projeto de lei do Aldo Rebelo, em que colocaria em prática a coibição de vocábulos estrangeiros dentro do território nacional e em estabelecimentos brasileiros no estrangeiro - o que é muito mau sinal. Ele deveria estar sendo muito mais discutido, em termos muitos mais amplos.

Confesso que tal projeto por muitas vezes repercutiu em mim como cócegas na barriga. Afinal é bom dar umas boas gargalhadas de vez em quando, só é perigoso quando vemos pessoas bradando junto a tal ato equívoco, como se o mesmo fosse a salvação para uma língua dita 'descaracterizada'.

Após a publicação da lei, as palavras ou expressões em língua estrangeira postas em uso no território nacional ou em repartição brasileira no exterior terão que ser substituídas por palavras ou expressões equivalente em língua portuguesa. O prazo é de 90 dias, a contar da data de registro da ocorrência.
A partir daí teremos a prerrogativa para multarmos miseráveis e infelizes por não saberem nem o que se trata de "vocábulos", quem dirá saberão selecionar quais são advindos de língua estrangeira ou não. Alguns já estão tão intrínsecos ao nosso vocabulário diário que já nem mais lembramos que a palavra em si não é nossa.
Ademais, o que ele espera que façamos com palavras que não têm subtituição? O professor de português Pasquale Cipro Neto, na coleção didática Ao Pé da Letra, trata do uso de certos estrangeirismos de forma bem humorada. Ele sugere, ironicamente, que não há substituição para palavras como pizza, por exemplo, que teria que ser substituída por algo como "disco de massa com queijo e molho de tomate".

Um dos pontos polêmicos do projeto é o uso constante de termos estrangeiros na literatura científica e técnica. Segundo Rebelo, estes neologismos da nomenclatura técnica e científica "devem ser aportuguesados para adquirir a feição e a sonoridade de um verso de Camões".
Para mim o projeto soa como mais uma coisa desse 'dito' povo comunista, que quer cercear tudo o que vem do estrangeiro, e agora até os vocábulos entraram na roda.
A língua é coisa viva: não pode ser tombada, muito menos legislada. Não há de se 'avacalhar' tudo de vez - a simples evitabilidade de tais vocábulos no ensino fundamental e superior, por exemplo, já seria de muito bom grado.

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