3.4.08

Acontece

Sob a luz titubeante das fatigadas lamparinas
estala em meu peito desamores de outrora:
lembranças esquecidas saltam como bailarinas
enquanto meu irmão mais novo à mesa ora.


A essa hora, em meu seio branco como aurora explode
minha péssima e crua e inalienável sorte.
Meu olhar se desvia levemente para o norte –
o cachorro pulguento e fedido se sacode: nada compreende.


O canto insistente e irritado do galo de crista vermelha
me recorda:
é hora de ir embora.

3 comentários:

Adroaldo Bauer disse...

E quando acontece disso acontecer, hoje e outrora
Chegando na parada tão apressada agora
Eis que fica sabendo que a razão da demora tanta
É que atrasara a janta o relógio e perdera-se a hora, comida pelo tempo
Passou antes o busão, atento fica-se espiando a cara pro chão
Que, no luscofusco invernal, se finge de outonal a quase noite
Ainda que a cachorrada ladre
sem alarde de qualquer caravana que passe

Carmim disse...

Acontece, e a gente não consegue evitar!

Um beijo.


www.omeugirassol.blogspot.com
www.vivovermelho.blogspot.com

Luan Iglesias disse...

Incrível tua habilidade com as palavras e com os significados.

Eu voltei.

Um beijo,

Luan.