16.8.07

Espelho


Olho-me no espelho e vejo nada mais do que já conheci um dia.
Sou o que vi, o que ouvi, o que construí.
Sou retalho presente do meu passado recente ou distante.
Sou nada mais do que um pouco de você, um pouco dele, um pouco dela ali, um pouco daquele cara que nunca mais vi, um pouco da cachorrinha que eu amei, um pouco do menino que uma vez eu zombei, um pouco do vinho que me embebedou diversas vezes, um pouco daquele tombo que me deixou roxa por meses, um pouco do bolo mais gostoso da minha vida (que comi semana passada), um pouco de Beethoven que conheci através de um amigo (o vulgo “cara-lavada”), um pouco das músicas que minha tia me ensinou a tocar no violão, um pouco do livro grandão que eu chorei quando acabei de ler, um pouco do meu ditado favorito, um pouco do cheiro da minha escola primária, um pouco dos degraus que eu subia todo dia na secundária, um pouco do engarrafamento que pego rotineiramente, um pouco de todas as poesias que já li e leio freqüentemente.
E eu não tenho vergonha de olhar no espelho e ver quem realmente sou.
Eu sou VERDADEIRA, e não um retrato caricaturado de mim mesma.

2 comentários:

Edna Federico disse...

Pouca gente tem coragem de se desnudar assim diante do espelho, mas é o caminho exato para o auto-conhecimento!
Beijo

Poeta Punk disse...

é impressionante...mas é isso mesmo!
Nos somos um pouco de cada coisa que vivemos!!cada pessoa, cada momento, cada gosto, cada cheiro, cada leitura,cada carinho....cada sensação....muito boa analise de vida!!gostei mesmo!!!

Ps: de quem é essa imagem???tem um quê de Di Cavalcanti!!!