28.8.07

D'ela

Adentra ela, meio a penumbra, com sua sutileza típica de rinoceronte em meio a rosas.
Senta-se frente ao espelho de sua cômoda, cuja moldura encontra-se parcialmente carcomida pelo tempo e observa-se. A sua visão refletida faz-se apenas possível graças à luz da lua que penetra a janela entreaberta do quarto.
A cabeleira cobre e selvagem encosta quase ao chão. A insuficiente luminosidade reflete sua brancura.
Branca, bela, bela, branca, branca, branca, bela...
Inicia-se um monólogo, cujos únicos telespectadores são os móveis velhos e desbotados do quarto, os ácaros, e as paredes inchadas pela umidade.
- Não, não, não. Você está equivocada.
Replica ela a ela mesma:
- As idéias não são minhas, nem suas.
E suas mãos ensaiam círculos invisíveis no ar enquanto fala:
- Elas ficam voando por aí, como os anjos.

(...)


7 comentários:

Hercília Fernandes disse...

Bina, que lindo!!!

Fluído, doce, profundo. Pura arte!

Beijos, HF.

Jac C. disse...

Oi Bina,
tenho te visto em comentários de blogs amigos o que mostra que percorremos bons caminhos na blogsfera...rs.
Seja bem-vinda ao "Asas" dos sentimentos meus.
Desculpa não ter vindo antes, mas como deve ter percebido, estou passando por uns probleminhas.
Hj me plastifiquei de filtro solar pra vim retribuir os mimos, dentre deles o seu.
Obrigada pela visita!
Bjs.

Anônimo disse...

Moça...
Texto mui bom.Uma viagem/alucinação pra quem ler!

Ah!
Te indiquei/premiei com um algo que anda percorrendo a blogsfera.Tive de premiar cinco e vc esta no meio.

Té!

Fernanda Passos disse...

Lindo Gina. Como disse o moço aí de cima uma viajem para quem Lê.
Bj.

Otávio B. disse...

Algo meio que fantasmagórico, mas com uma beleza imprescindível...
Agora chegou a hora de falar sério lá no Espada do Templário...As coisas não vão lá muito bem, e faz-se necessário um desabafo...Ficarei honrado se puder perder um pouquinho de seu precioso tempo para estar lá.

Beijos, and...

Muito obrigado, vamos almoçar

Anônimo disse...

ah;!
apaixonante!
leve,suave e singelo, mas muito cativante!
queria continuação.

o jeito que escreves não cansa e incita a curiosidade de quem lê

ademais ainda me identifiquei.
monólogos, solilóquios no quarto nas noites intermináveis onde quem rege é a minha companheira de quarto, a insônia, um espelho onde a face mais execrável, é a sua própria, que devolve sorrisos e te acompanha em todo e qualquer sentimento.

Inês Martins disse...

Texto perfeito. Qualquer coisa q eu dissesse estragaria a análise...