19.3.07

"Cogito ergo sun"?

Não, prefiro dizer "sentio ergo sun". Sinto logo existo.
O ato de simplesmente pensar se tornou racional demais, diria eu, até mesmo mecânico. Não há mais cuidado nas relações humanas, tudo o que havia de mais belo e simbólico secou.
Até a psicologia vigente pode ser considerada uma agressão à alma humana, pois descarta todos os símbolos, sonhos, mitos e fábulas para dar lugar à conceitos concretos, teorias que não se movem de acordo com as nuances da alma humana. Aliás, não há mais alma, ela se tornou algo secundário diante da tecnologia.
Grande prova disso é a Internet, essa grande manipuladora de sentimentos que brinca com eles como se jogasse para o alto uma simples bolinha de borracha. Não se é preciso mais viajar para o campo para saber como é o verde da grama ou a pureza do ar do sertão - tudo está muito bem exposto em algum site, com figuras e descrições suficientes para que possamos nos imaginar lá. Não se é mais preciso um contato pessoal para se conhecer alguém, não vejo mais seu rosto, suas expressões, sinto o jeito que você respira, vejo o jeito como anda ou sorri quando está sem graça - tudo o que vejo é o que digita para mim num mero "MSN". A maior parte das pessoas cada vez mais são inseridas nesse grande sumidouro de emoções sem nem mesmo perceberem.
Acabou-se a ética, acabou-se a moral, acabou-se o cuidado. Nada mais importa diante da correria e do sufoco que todos passam para sobreviver.
Mas é preciso que resgatemos esses sentimentos que ficaram perdidos em algum lugar, ou viveremos num grande vácuo, isolados um do outro, sem que nem mesmo possamos percebemos isso.
Continuo com a mesma posição, não vou me inserir neste contexto com a desculpa de que é culpa da vida que levamos. Não posso e não vou deixar o meu cuidado pelas pessoas morrer.

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