7.8.07

Vômito

Hoje eu cheguei em casa faminta.
Faminta de fome, de ódio ou de raiva.


Sentei-me à mesa e comi meu bife o mais mal-passado que pude.
Ver aquele bife sangrando dentro do prato me lembrou a ti. E eu o mastiguei com tanta raiva, com tanto ódio, que a cada pedaço que eu colocava pra dentro, imaginava que era um pedaço do teu coro, que eu havia dilacerado.
Senti como se aquela carne fosse tua. Como se o sangue fosse teu.
E assim o consumi por inteiro.
E depois vomitei.
Eu te vomitei de dentro de mim.


E deixei a água daquela descarga levar-te prum lugar bem distante.
Agora eu posso afirmar que, aqui dentro, não há mais um pedaço sequer de ti.


Adeus.


4 comentários:

Cris Rodrigues disse...

INTENSO

VISCERAL..

Um verdadeiro FIM...ou n�o???
Parab�ns...SEMPRE!!!

~ Marina ~ disse...

Forte,intenso,contundente e,corajoso!
Parabéns,
Gerlane

Cosme disse...

Esse aqui eu faço questão de comentar:

Seja pra quem for...
Pensamento deveras profundo.

Unknown disse...

Vômito.
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... E ler, ler é o alimento de quem escreve. Várias vezes você me
disse que não conseguia mais ler. Que não gostava mais de ler. Se não
gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir
o texto, mas alimente-se. Fartamente, Depois vomite. Pra mim, e isso
pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois,
claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma-a. Pode até sair uma
flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta.

E eu acho - e posso
estar enganado - que é isso que você não tá conseguindo fazer. Como é
que é? Vai ficar com essa náusea seca a vida toda? e não fique esperando
que alguém faça isso por você. Ocê sabe, na hora do porre brabo, não há
nenhum dedo alheio disposto a entrar na garganta da gente. ...


Caio Fernando Abreu,


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