Senhor Baloardo, ex-capitão dos mares e agora dono de imensurável pedaço de terra
“Regozijo-me de todo o esforço que fiz até chegar nessas terras.
A suave melodia do ar me encanta e aqui posso descansar, em paz.
O riso hirto do gozo logrado deixa escapulir sons, que ecoam por entre as copas das árvores, soando como um canto lírico, ou algo de semelhante valor.
Sou o dono do mundo.”
Senhor Baloardo gostaria que as terras fossem dele, porém não o eram. Ele era somente um mendigo que se pôs a palmilhar e vagar entre galhos e folhas secas, e devanear. Perdera tudo na vida, exceto seu gosto por palavras e a habilidade de se afundar em sonhos, metáforas e oxímoros. Ah! Sonhos. Era assim que passava a maior parte de seu tempo: afundado em melodias particulares e glórias alheias.
Senhor Baloardo, ex-capitão dos mares, agora dono de imensurável pedaço de terra. Um dia será pó, e jazerá meio às raízes das árvores. Um dia será a própria árvore, o vento, será o mundo. O mundo será dele, e nunca nem saberá de fato o que lhe aconteceu. O mundo terá sido apenas mais um de seus pertences, pendurado ao bolso de suas calças rotas e desajustadas.
Grande Senhor Baloardo! Ex-capitão dos mares, e agora dono de imensurável pedaço de terra.
*Quadro:
Vincent Lane with Poplars - Van Gogh
3 comentários:
Como diria Jean Paul Sartre, "os loucos trilharão caminhos que, mais tarde, serão percorridos pelos sábios"!
Adorei!
Simplesmente fantástico! Oxímoros... Devanear...
Eu me surpreendo a cada novo dia!
Sim!
Gostei muito desse!
Bom demais
parabéns :))
Ah, hehe, quando li o Vincent Lane with...
Hauhauh me veio um sentimento... uma coisa... ("lasers!")
:P
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